sábado, 8 de maio de 2010

A DERIVA DO M.E., EPISÓDIO N+1

As equipas que têm vindo nas últimas décadas a ocupar a 5 de Outubro, fruto de algum desconhecida e misteriosa causa parecem afectadas pelo sindroma da deriva. Instalam-se e começam a tomar decisões, algumas compreensíveis e bem intencionadas, outras completamente incompetentes e indefensáveis. Não se percebe um fio condutor nas políticas educativas e sobra a arrogância de entender que decidem sempre bem.
A equipa de Maria de Lourdes Rodrigues foi um paradigma deste modelo de funcionamento e que minou completamente o universo da educação. A entrada em cena da equipa de Isabel Alçada foi marcada pelo desfazer de vários dos problemas criados pela antecedente. Só que o estranho mal ataca de novo e aí temos o ME a decidir, a decidir à pressa e, mais uma vez, a decidir mal, agora com a questão da avaliação de professores nos concursos, o episódio n+1 da deriva, pois perdi a conta. Foi assim com o Estatuto e a definição de professores titulares, com a avaliação, com o Estatuto do Aluno, com a revisão curricular que se suspende mas avança na base do "mero ajuste", as oscilações nas negociações com os representantes dos professores cuja agenda se subordina, também, a critérios que nem sempre decorrem da defesa da qualidade da educação, etc.
Como não tenho agenda política partidária, a partidocracia transformou-me num abstencionista militante, é com tristeza sincera que constato esta deriva. Os seus efeitos no clima das escolas, na imagem social dos professores, na imagem social do Ministério e na imagem social da educação no seu conjunto, a que já me tenho referido, não sendo tangíveis, têm efeitos devastadores na percepção dos alunos e das famílias e dificultam seriamente o desenvolvimento de um trabalho educativo de professores, alunos e pais com a qualidade que o futuro exige.

1 comentário:

Maria Ribeiro disse...

Zé Morgado: assisti, durante os meus 38 anos de serviço a inúmeras reformas, das quais nos queixávamos sempre, depois que eram avaliadas. No 2º ano da anterior ministra, mesmo sem idade, pedi a aposentação e juro-lhe,colega, que chorei.
Hoje ,vejo os nossos colegas tão envelhecidos, tão saturados, amargurados e desiludidos ,que fico contente de ter mantido intacta a dignidade que estas duas ´´ultimas víboras queriam que eu perdesse.Enquanto o maquiavélico Pinóquio respirar o mesmo ar que todos nós respiramos... a educação está condenada! É só ver o estado em que os alunos saem da Primária!
BEIJO DE
LUSIBERO