domingo, 7 de março de 2010

VALE MAIS TARDE QUE NUNCA

Ao que parece, em 2050 os velhos terão melhor qualidade vida que os actuais idosos. As projecções que vários estudos elaboram sugerem aumento da longevidade, maior autonomia e melhores condições de saúde geral. É também provável que aumente a idade em que se inicia a reforma e, dadas as alterações em curso, que o valor económico das pensões face aos vencimentos no activo sofra um decréscimo. Por outro lado, os estudo não referem se será de esperar, ou não, uma alteração na forma como socialmente os velhos são percebidos. Esta percepção pode ir de um entendimento de que são um estorvo de que nos quermos livrar, um fardo que temos de suportar ou uma mais-valia que temos de aproveitar.
Em todo o caso e em termos globais, o quadro parece razoavelmente animador para a geração que está agora a entrar na chamada vida activa. Esperemos pois que as previsões mais optimistas se confirmem.
No entanto, considerando que a probabilidade estatística de atingir 2010 é um horizonte certamente inacessível para mim, preocupa-me mais a qualidade de vida dos velhos de hoje e a dos que seguem imediatamente, a minha geração. O cenário é, como sabemos, francamente desolador. Pensões miseráveis que obrigam à escolha entre o medicamento e a alimentação, ambos imprescindíveis. Muitos dos velhos estão entregues a uma solidão que apressa a desistência a e a partida. Frequentemente são divulgadas notícias sobre a falta de qualidade de instituições de acolhimento para velhos, ao que parece, uma negócio que prospera, sobretudo quando se poupa na qualidade e se estica a mensalidade.
Como já uma vez aqui disse parafraseando os irmãos Coen, este país não é para velhos.
Esperemos que em 2050 possa sê-lo. Vale mais tarde que nunca.

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