quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O ENSINO MANUALIZADO

Dados recolhidos pelo Observatório dos Recursos Educativos junto de pais e alunos revela que 80 % dos pais preferem que os filhos estudem pelos manuais por se encontrar aí reunida a informação essencial e porque os manuais são o “guião de trabalho do professor”. Relativamente aos alunos, 70 % dos inquiridos prefere estudar pelo manual. Quanto aos aspectos negativos dos manuais é referido o preço e o peso aspectos que sendo importantes não são centrais.
Estes dados sublinham uma realidade a que já me tenho referido, uma excessiva manualização do ensino. Apesar da progressiva disponibilização de outras fontes de informação e do acréscimo de acessibilidade através das tecnologias de informação e de outros suportes, a utilização dessas fontes alternativas aos manuais é baixa e pouco valorizada por pais e alunos. De facto, apesar do abandono há já bastante tempo do “livro único” e de uma preocupação, ainda pouco eficaz, com a qualidade dos manuais, predomina a sua utilização e das respectivas fichas e instrumentos como materiais de apoio às aprendizagens e à “ensinagem”. Aliás, nota-se ainda no ensino superior a dificuldade que muitos alunos afirmam sentir quando percebem que não têm um “manual”.
Do meu ponto de vista, a minimização da dependência dos manuais passará, entre outros aspectos, por uma reorganização curricular, diminuindo a extensão de alguns conteúdos, por exemplo, o que permitiria a alunos e professores um trabalho de pesquisa e construção de conhecimentos com base noutras fontes, potenciando efectivamente a acessibilidade que as novas tecnologias oferecem.
É importante caminharmos no sentido de atenuar a fórmula única instalada, o professor ensina com base no manual o que o aluno aprende através do manual que o pai acha muito importante porque tem tudo o que professor ensina.

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