domingo, 8 de novembro de 2009

NÃO COMPLIQUEM

O Público apresenta hoje um trabalho sobre o comportamento dos portugueses que me impressionou. Acho notável o esforço de teorizar sobre uma espécie de “depressão pós-eleitoral” que estará a afectar o bom povo português levando-o a debater pouco a crise. É certo que, felizmente, o psicólogo opinante ainda não vê necessidade de acompanhamento terapêutico. Se já somos um dos países com maior consumo de anti-depressivos, tratar este pessoal todo seria coisa séria. Um outro opinante entende que a percepção de que a crise é importada contribui para inibir o debate.
Com o maior respeito pelas opiniões dos especialistas inclino-me mais a pensar que a partidocracia instalada leva a que coisa política circule pelo interior dos aparelhos partidários e respectiva clientela. A comunicação social, na maior parte dos casos, reflecte e amplia as agendas políticas dos interesses partidários, basta ver o clube dos opinadores nos diversos órgãos de comunicação social, sempre os mesmos e com o mesmo discurso.
Este cenário tem levado a um progressivo desinteresse e desmotivação da participação cívica e envolvimento dos cidadãos o que se traduz, por exemplo, no aumento sistemático da abstenção.
Por isso, não compliquem, o povo está é cansado “destes gajos todos”, temos dificuldade em perceber um rumo e, sobretudo, em sentir confiança nos rumos que nos tentam vender.
Não é um problema da saúde mental dos portugueses, é um problema da saúde da democracia portuguesa.

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