quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ESTRANHA FORMA DE VIDA

Era uma vez um Rapaz que tinha uma estranha forma de vida. Aquilo que fazia, dizia ou pensava estava muitas vezes em desacordo com o que se desejava para gente da sua idade. Não gostava da maior parte das actividades escolares, apenas se envolvia em actividades desportivas e em algumas coisas ligadas a música. Em consequência já contava com alguns chumbos. Quando estava nas aulas, no intervalo das muitas faltas, o seu comportamento era mau, desafiador da autoridade dos professores e provocador dos colegas, de alguns colegas, sobretudo os que sobressaíam pelas qualidades escolares.
Nos tempos de intervalo na escola não era raro o envolvimento do Rapaz em brigas que quase sempre provocava.
Fora da escola, o Rapaz já não acatava bem as regras de casa, poucas e inconsistentes, e o seu comportamento passava pela provocação e pela habitual animosidade para com a generalidade das pessoas. Como seria de esperar, apenas se dava sem problemas com um grupo pequeno de amigos que liderava e com quem partilhava esta estranha forma de vida.
Quando se falava deste Rapaz, a maior parte das pessoas, na escola e no bairro, referiam-no como um destemido e indomável ser que não conhecia limites.
Ninguém sabia que o Rapaz quando falava de si para si, se sentia, ele próprio, nos limites. Em muitas noites adormecia com um enorme pavor de que no dia seguinte alguém percebesse o medo que sentia da sua estranha forma de vida e de se esquecer de vestir ao sair de casa a pele com que sobrevivia, a pele de um destemido e indomável Rapaz.

2 comentários:

Filipa Teles Carvalho disse...

Acho que este texto revela aquele óbvio que é difícil de ver, nunca percebi porquê. Infelizmente captado por poucas sensibilidades. Quando encontro uma morada para ela, para a sensibilidade grande como esta fico feliz e tenho uma esperança mais verde.
Obrigada, digo eu.
Filipa

Zé Morgado disse...

Com mais atenção verificamos sempre, citando os Xutos, que não somos os únicos a olhar o céu