quarta-feira, 21 de outubro de 2009

OS PILHA GALINHAS

Uma entidade por mim desconhecida, o Barómetro Nacional da Quebra Desconhecida no Retalho, nome esclarecedor, divulga hoje que nas lojas, sobretudo em super e hiper-mercados, se verificam roubos por clientes e funcionários num valor anual aproximado de 177 milhões de euros, número que tem vindo a subir. Os roubos, vamos chamar-lhe quebra desconhecida, incidem sobre pequenos equipamentos de electrónica, perfumaria, roupa e, sublinhe-se, um designado auto-consumo, o cidadão come ou bebe o produto dentro da loja.
Quando me começava a habituar ao roubo a sério, aos muitos milhões, protagonizado por gente séria, administradores e gestores, por exemplo, emerge de novo um país de pilha galinhas, o pequeno roubo. É certo que a mesma entidade refere a progressiva sofisticação dos meios utilizados pelos empreendedores pilha galinhas. Onde é que já vai um arcaico frasco de perfume escondido nas meias, expediente muito usado no meu tempo de pilha galinhas adolescente.
O mesmo relatório refere a necessidade de afinar os dispositivos de vigilância para combater a Quebra Desconhecida. É mais ou menos a mesma preocupação que o cidadão comum sente ao ver como milhões, muitos milhões, voam da banca, de empresas em falências fraudulentas, em comissões mal explicadas, em inconsequentes derrapagens financeiras nas obras públicas sendo ainda que tudo isto se passa na maior das impunidades.
Apesar dos dados do Barómetro Nacional da Quebra Desconhecida no Retalho já não somos um país de pilha galinhas. Que me desculpem o desabafo, mas prefiro os pilha galinhas.

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