domingo, 13 de setembro de 2009

PERDEDORES

Não resisti à tentação e acabei por assistir ao debate, aquele que se definia como O debate, Sócrates vs Ferreira Leite. No final de debates deste tipo coloca-se a incontornável questão sobre quem venceu. As opiniões dividem-se, naturalmente, e relativizam-se à “mochila” que cada um carrega, seja um opinador anónimo e amador, basta ver os imediatos comentários on-line que, entre o disparate, o insulto e engraçadismo, mostram vitórias esmagadoras de qualquer das partes, seja o dos opinadores profissionais, alguns apresentados como politólogos, que procuram explicar com base numa qualquer verdade científica como um dos interlocutores “venceu” o debate sendo que alguns, à cautela, defendem o empate.
Pessoalmente, não me preocupa muito encontrar um vencedor do debate porque se tudo isto fosse sério, o vencedor do debate, seria qualquer eleitor que através dele ficasse esclarecido e convicto sobre o que fazer com o seu voto. Como isto raramente acontece, e o de ontem entre Ferreira Leite e Sócrates não foi excepção, não haverá, vencedores. No entanto, houve perdedores. Os intervenientes perderam mais uma oportunidade de contribuírem para a qualidade da democracia ao centrarem os seus discursos em questões acessórias de tácticas e estilos, ao procurarem contradições recíprocas (como se alguém inteligente nunca tivesse mudado de opinião), ao recorrerem à demagogia e à meia frase que insinua mas não explicita, etc. Nós, eleitores, perdemos também uma oportunidade para perceber com clareza as ideias e projectos que quem seguramente nos irá governar entende contribuírem para o bem-estar dos portugueses nos próximos quatro anos.
Finalmente uma nota de espanto que, reconheço, não deveria acontecer. Que se passará na cabeça de alguém que para terminar um debate político que, dizia-se, poderia ser decisivo, resolve afirmar que o seu oponente é o “género de pessoa que mata pai e mãe para dizer que é órfão”.
É verdade, não terá havido vencedores mas houve perdedores.

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