sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ESCUTA-SE POUCO

Voltaram, com dados novos, como se diz em jornalismo. As escutas, quem escuta quem, Belém, S. Bento, até o Público acha que está ser escutado. Os opinadores amadores e encartados atropelam-se sobre as escutas e eu, atento e inquieto, também comento e é verdade, as escutas também me preocupam seriamente.
Existem milhares de pessoas com uma voz que ninguém escuta. Provavelmente nem voz têm.
Escuta-se pouco os velhos sós que sobrevivem com pensões de miséria.
Continuo a achar que existem demasiados putos que, por mais alto que gritem, ninguém os escuta.
Sabemos dos milhares de crianças maltratadas e de mulheres vítimas de violência a que damos pouca escuta.
É preciso escutar milhares de desempregados sem acesso a subsídios de desemprego ou a outras formas de apoio.
E que dizer de milhares de jovens com dificuldades enormes para entrar no mercado de trabalho e que vêem comprometida a possibilidade de um projecto de vida.
E a incapacidade de escuta de muitos políticos face à realidade difícil em que muitas famílias vivem.
É preciso escutar os milhares de pessoas sem médico de família e em listas de espera intermináveis para a prestação de cuidados de saúde.
É necessário escutar os injustiçados por um sistema de justiça ineficaz, moroso e desigual.
Como vêem, contrariamente, às vozes que clamam contra a existência de escutas, mantenho a convicção de que cada vez nos escutamos menos.

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