terça-feira, 11 de agosto de 2009

UM HOMEM CHAMADO EU NÃO

Era uma vez um homem chamado Eu Não. Tinha uma forma de ser e de se relacionar com as outras pessoas que não o tornavam muito apreciado. Ninguém percebia muito bem porquê, mas o homem em qualquer conversa mais ou menos animada, mais ou menos formal, estava sempre em desacordo com toda a gente. Parecia que era propositado, mesmo em coisas muito óbvias o Eu Não fazia questão de ter a opinião contrária.
Era assim com os amigos, não muitos porque perdiam a paciência e com a família que passava o tempo calada só para evitar as intermináveis discussões em que o Eu Não estava sempre do outro lado de todos os outras.
No trabalho, os colegas procuravam ter o mínimo diálogo com o Eu Não porque tinham como certa mais uma inconclusiva conversa com ele a contradizer tudo o que alguém afirmasse.
Assim, não era muito simpática a relação que o Eu Não tinha com as pessoas, algo que parecia não o perturbar atribuindo a reacção dos outros à incapacidade e à intolerância para aceitarem a sua opinião, obviamente, mais correcta.
Um dia, o Eu Não tomou consciência de que já era muito raro discordar das pessoas e, pela primeira vez em muitos anos, ficou tremendamente assustado. Percebeu que passava o tempo só. Toda a gente se tinha afastado, já ninguém falava consigo.

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