quinta-feira, 27 de agosto de 2009

FALTA DE DEBATES OU A DOENÇA DA DEMOCRACIA

A dificuldade que se verifica na organização de debates televisivos em vésperas de legislativas é mais um sinal da doença da democracia portuguesa.
Um dos pilares da democracia, no sentido mais nobre do termo, é, justamente, a existência de diferentes ideias e projectos sujeitos ao escrutínio dos eleitores que, supõe-se, devidamente informados assumirão as suas opções. Deste entendimento decorre a importância da informação e do conhecimento por parte dos eleitores sobre aquilo que está em escolha, neste caso a 27 de Setembro.
É consensual que a maioria dos cidadãos é avessa à leitura e análise dos programas partidários para além de que a leitura de jornais em Portugal é baixa. Resta assim para assegurar informação generalizada, os soundbytes televisivos nos telejornais e as caríssimas campanhas onde, a troco de uma esferográfica ou de um boné, se procura comprar um voto no meio de uma algazarra folclórica e comicieira quanto baste para encher o olho.
É evidente que não temos nenhuma certeza de que os debates fossem esclarecedores mas está em causa o princípio do confronto de ideias e projectos e do contraditório. Abdicar deste princípio é, pois, abdicar de um sustento fundamental para uma democracia mais saudável.
De facto, a democracia está doente em Portugal, mas o grande problema a dificultar um prognóstico mais favorável de melhoras, é que os partidos, sendo parte da doença, se assumem como a exclusiva cura.

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