quinta-feira, 13 de agosto de 2009

ESTAMOS A GOSTAR POUCO

Depois de uns dias na quentura do meu Alentejo, o rádio do carro fazia companhia na viagem num fim de dia bonito que se observava caminhando para oeste. Começo a ouvir o “Sozinho” de Caetano Veloso e relembrei “quando a gente gosta é claro que a gente cuida” que agora recupero.
De facto, quando olhamos para os tratos que damos ao que anda à nossa volta fica claro que quando gostamos mesmo cuidamos do que gostamos.
Quem maltrata pessoas não pode gostar de pessoas. Quando gostamos da nossa terra cuidamos dela, não é possível que quem goste do Alentejo, mal cuide do Alentejo, por exemplo. Só maltrata miúdos quem não gosta de miúdos mesmo quando se afirma o contrário. Quando gostamos da nossa vida cuidamos dela. Não cuidamos dos velhos porque não gostamos de velhos. Quando a gente gosta do que faz a gente cuida da forma como faz. Se gostamos dos amigos cuidamos dos amigos. Tudo isto parece tão óbvio e ingénuo que me embaraça a escrita.
No entanto, quando por gosto e por profissão olho para os mundos, o de todos e o de cada um, e para a forma como cuidamos deles e de quem neles habita, fico inquieto. Acho que estamos a gostar pouco.

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