domingo, 14 de junho de 2009

O RESPEITO PELOS CABELOS BRANCOS

Sabemos como o mundo é composto de mudança tomando sempre novas qualidades, Camões disse-o no Séc. XVI. No entanto, as novas qualidades que o mundo toma nem sempre parecem qualidades. Vem isto a propósito do aumento exponencial de casos de violência dirigida a idosos, triplicaram entre 2000 e 2007. Uma das alterações mais significativas dos últimos anos, na minha opinião, é a percepção social dos traços de autoridade, ou seja, a forma como a generalidade das pessoas encara a autoridade através de diferentes traços. Uma farda era percebida como um traço de autoridade, algumas profissões eram percebidas como um traço de autoridade, por exemplo, os professores, médicos, funcionários da administração pública, etc. eram percebidos com autoridade, a idade, é este o meu ponto, era também percebida como um traço de autoridade. Deste quadro resultava que, para a generalidade das pessoas, a presença destes traços era suficiente para inibir comportamentos menos ajustados. Só para dar um exemplo, quando eu era pequeno, bastava a entrada do professor para que nos calássemos. No que respeita aos velhos ainda me lembro de expressões como “tenho respeito pelos seus cabelos brancos” ou “respeito-o pela sua idade”.
Hoje em dia, com a alteração da percepção dos traços de autoridade, já não basta a sua presença para regular comportamentos pelo que, também por aqui, se pode perceber este aumento da violência contra os velhos. Isto significa que, mais do que nunca, os processos educativos precisam de entender e adaptar-se a estas mudanças para que os valores embora, volto a Camões, tomando sempre novas qualidades, se mantenham como qualidades.

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