sexta-feira, 8 de maio de 2009

SE A DIGNIDADE SE PERDER

A crise, o desemprego, a perda do bem-estar e da dignidade de pessoas e famílias estão aí, a classe política entende-se sobre o financiamento aos partidos e não se entende sobre aquilo que de verdadeiramente dramático acontece no País. Sou um tipo razoavelmente optimista pelo que, apesar de entender a preocupação da voz lúcida de D. Manuel Martins, também as há entre a hierarquia da igreja, sobre os riscos de conflitos sociais, quero acreditar que seremos capazes de evitar tal cenário cujas consequências potenciais seriam de uma gravidade imprevisível mas certamente grande. Este meu moderado optimismo, para além de uma particularidade pessoal, radica também em histórias como a que o JN hoje conta de um pequeno empresário da Covilhã, António Lopes, que, apesar da sua fábrica de têxteis estar nesta altura em situação deficitária, recusa despedir trabalhadores porque, tendo já passado por tal situação, sabe o que se sofre. Assim, prolongou o contrato de 29 dos seus 50 trabalhadores que tinham terminado agora o contrato a prazo. Paga com o que amealhou antes, com o rendimento de outras actividades e diz que “temos de estar dispostos a empobrecer um pouco”. Sim, eu sei que estas coisas não vão lá com atitudes individuais voluntaristas, mas também sei que estas atitudes também contribuem para mudanças. Aliás, sobre esta matéria e numa outra escala, também é interessante a entrevista de Soares dos Santos, o líder do grupo Jerónimo Martins, ao I, cujo aparecimento se saúda, sobre as formas como pensa poder evitar despedimentos no grupo.
O meu problema, o que não me deixa ser mais optimista, é que uma parte substantiva das lideranças políticas e da sua actividade, são mais parte do problema que da solução, estando no governo ou na oposição.

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