sexta-feira, 1 de maio de 2009

DIGNIDADE E SOBREVIVÊNCIA

O trabalho, o direito ao trabalho, nas nossas sociedades remete para duas dimensões imprescindíveis ao homem, dignidade e sobrevivência. Sobrevivência por motivos óbvios e a dignidade que suporta e é suportada pela autonomia e independência, percepção de utilidade, individual e social, pela percepção de comunidade e pertença, etc.
Hoje, Dia do Trabalhador, dia do trabalho, temos em Portugal perto de meio milhão de cidadãos no desemprego, ou seja, feridos na capacidade de sobrevivência e bem-estar, para si e elementos próximos, e feridos na sua dignidade. Acresce a isto a existência de muitos mais cidadãos em situações de trabalho precário, em risco de desemprego, em processo de desemprego, ou seja, repetindo, fortemente ameaçados pelas dificuldades na sobrevivência e bem-estar e pela fragilidade da dignidade perdida.
Neste contexto, o Dia do Trabalhador, para além da liturgia que lhe está associada, poderia servir para alguma reflexão sobre os modelos económicos e sociais com que nos organizamos, as obscenas assimetrias existentes na nossa sociedade, a responsabilidade social de empresas e empresários, a irresponsabilidade e ostentação nos salários de topo, a solidez e prioridade das políticas sociais, entre outros aspectos.
Uma comunidade não pode estar bem, quando uma boa parte de si está seriamente fragilizada e vulnerável, sobretudo se quiser assumir-se como uma sociedade desenvolvida.

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