terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A ESCOLA DE BERLUSCONI

A Escola de Berlusconi começa a ser isso mesmo, uma escola na forma de abordar a arte. Como é sabido, Berlusconi mandou substituir na sua residência oficial um quadro de Tiepolo, em que uma mulher surgia como seio desnudado, lindo este termo, por uma réplica com o seio pudicamente tapado com um pedaço de pano. Ao que parece, Berlusconi esteve para substituir o Tiepolo pela conhecida obra do Menino Com A Lágrima No Olho que se vende nas feiras ou a famosa peça da Fruteira com Maçãs, mas os seus conselheiros artísticos sugeriram-lhe uma réplica, mas decentemente composta que “ha meno rumore, confusione”.
Pois a escola de Berlusconi já está instalada entre nós e ficamos felizes porque, certamente, nos livrará de algumas “sem vergonhices”. Começou com o episódio de Torres Vedras e as meninas despidas que estavam no ecrã do Magalhães. A Delegação do Ministério Público, numa atitude de normalidade cristã, entendeu, muito bem, mandar retirar tal pornográfico e obsceno material. Lamentavelmente, numa atitude de inusitada cobardia voltou atrás. Até o novo S. Nuno de Santa Maria, antes chamado Condestável, corou de raiva.
Agora, os seguidores da Escola de Berlusconi da corrente de Braga, um grupo que se inclui num movimento conhecido por PSP, resolveu apreender livros expostos numa feira de livros. O livro apreendido, sobre pintura, esse campo de devassidão e luxúria, tinha na capa uma reprodução de um quadro de Courbet, um representante da decadência francesa, veja-se a relação entre Sarkozy e Carla Bruni, que mostra uma mulher com as coxas desnudas. No próximo debate no casino da Figueira com a Fátima Campos Ferreira, poderemos ouvir, com toda a certeza, o aplauso de D. Saraiva Martins à iniciativa em nome da normalidade, as mulheres são para aparecer compostas.
Sou um leigo em pintura mas tratar-se-á, creio, de um problema de perspectiva e percepção das formas.

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