sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O PAÍS REAL

Gostava de partilhar convosco uma história do chamado país real. Ontem aproveitei estar no monte, aqui no meu Alentejo para me desfazer da tralha que se vai acumulando. Dirigi-me ao ecoponto municipal que, naturalmente, está preparado para receber aquele “moitão de murraça”, como aqui se diz. Quando lá cheguei, trata-se de um espaço vedado, vejo um carro parado à beira dos diferentes contentores do qual saiu um senhor simpático que me cumprimentou e que, quando eu pegava numas latas e arames velhos me disse, “é para ali”, “sim, estou a ver diz Sucatas”, disse eu, “pois é” disse o senhor. Quando peguei num monte de plásticos disse-me o simpático senhor, “é para ali”, “pois é, diz Embalagens”, disse eu, “isso mesmo” disse o senhor simpático. Quando agarrei nos sacos de jornais velhos, o senhor simpático apontou e disse, “é para ali”, “estou a ver, diz Papel”, disse eu, “tal e qual”, disse o senhor simpático.
Depois de descarregado o material, o senhor simpático explicou-me que estava ali desde Outubro para ajudar as pessoas a separarem bem os materiais para a reciclagem. Está certo, pensei eu. Com votos de Bom ano despedimo-nos e o senhor simpático voltou para dentro do carro, esperando pelo próximo aluno.Não tenho a certeza, mas presumo que o senhor simpático seja funcionário da autarquia. Não esqueço que no interior desertificado as autarquias são, frequentemente, os maiores empregadores da região e que parte do emprego que asseguram configura uma espécie de emprego social. No entanto, não posso deixar de achar curiosa a função, social.

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