quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

HISTÓRIA DO PERGUNTADOR

Era uma vez um homem chamado Perguntador. Desde muito cedo revelou uma estranha forma de falar. Na maioria das vezes, apenas fazia perguntas, raramente afirmava, e a qualquer resposta continuava a perguntar. As pessoas admiravam-se e ficavam embaraçadas com tal estilo. Algumas, mais generosas, achavam que o Perguntador era um chato curioso, outras que tinha uma espécie de tique no discurso, quase só recorria a perguntas, outras ainda, professores, por exemplo, achavam que o Perguntador os queria desafiar e não reagiam muito bem. Claro que como o comportamento gera comportamento, quanto mais as pessoas reagiam, mais perguntas o Perguntador colocava, o que ainda mais exasperava as pessoas.
Quando mais crescido, contrariando a ideia de que a idade nos muda, o Perguntador mais perguntava. As suas dúvidas, inquietações, curiosidade, vontade de entender as pessoas e a vida, levavam-no a colocar cada vez mais perguntas. Curiosamente, não mudando o Perguntador, mudaram as pessoas, calavam-se, não prestavam atenção e, por fim, ignoravam completamente o Perguntador. Como sabem, as pessoas não gostam lá muito de perguntas.
Nem assim o Perguntador mudou. Começou a fazer perguntas para dentro, tornou-se escritor de poemas. Continua sem respostas. Mas não desistiu de perguntar, o Perguntador.

2 comentários:

Anónimo disse...

Já que fala em Perguntador, gostava muito de lhe perguntar de onde lhe surgem estas bonitas histórias. Também foi por falta de respostas às suas perguntas e por ser um Perguntador?

Zé Morgado disse...

As perguntas são uma prova de vida