domingo, 25 de janeiro de 2009

EXAME AOS PROFESSORES, EXAME AOS POLÍTICOS

O Secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, veio a público defender a realização do exame de entrada para a carreira docente com o argumento de que existem Escolas de Ensino Superior sem qualidade e facilitistas, sempre o facilitismo, que não dão garantias de qualidade na formação dos seus alunos, citando em declarações à Lusa, os casos do Instituto Piaget e do Instituto Superior de Ciências Educativas. A falta de regulação da qualidade do ensino superior, público e privado, é algo que toda a gente minimamente conhecedora do meio tem como adquirido. É, no entanto, necessário um “pequenino” esclarecimento, a falta de regulação da qualidade de formação inicial, neste caso dos professores, é da exclusiva responsabilidade do Estado através do quadro legal que definiu e da demissão com que encarou a proliferação de cursos públicos e privados que contribuindo, caso dos privados, para que milhares de jovens acedessem a formação de nível superior que as instituições públicas não tinham condições de providenciar, nasceram e cresceram sem qualquer controlo sério de qualidade. Do caos instalado emergem, naturalmente, boas e más instituições. Regule-se pois a sua qualidade, independentemente da questão do exame para entrar na carreira docente.
Ainda assim, já que pode ser sustentável a exigência de um exame para aferir do grau de preparação para o desempenho de funções, também os políticos deveriam passar por esse crivo. Sabe-se muito bem que as principais escolas de formação dos políticos, as juventudes partidárias, são de qualidade duvidosa, formando políticos novos já velhos, vejam-se os múltiplos exemplos em todos os partidos. Assim, defendo a institucionalização de um exame de entrada para a carreira política com base nos seguintes moldes:
. Exame escrito de Língua Portuguesa avaliando o “domínio escrito da L.P. tanto do ponto de vista da morfologia e da sintaxe, como da clareza da exposição” e organização de ideias, além da “capacidade de raciocínio lógico”, (cito antiga proposta do ME, para os professores)
. Exame escrito de competências técnicas e científicas envolvendo entre outros conteúdos: capacidade elaboração de promessas a partir de um tema, capacidade de comentar demagogicamente um texto, elaborar cinco opiniões diferentes a partir de um facto, citar, de forma organizada, dois nomes reconhecidos nas áreas económica, cultural e política, etc.
. Exame oral em que se avalia o domínio de uma língua estrangeira para além do “portunhol”, a capacidade de elaboração de uma apresentação em “powerpoint” em três versões sobre o mesmo tema e, finalmente, a competência para defender uma ideia e o seu contrário no tempo limite de cinco minutos.

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