segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

EL-REI DE PORTUGAL

Provavelmente devido ao significado histórico do 1º de Dezembro, o Público apresenta uma extensa entrevista com D. Duarte de Bragança, na sua prova de vida anual. Li atentamente e não resisto a partilhar alguns excertos. D. Duarte surge naquele jeito de lavrador chique como o tio Portas, o Paulo, e debita algumas pérolas de fino recorte em matéria de análise sociopolítica.
Como frase escolhida para título da entrevista, e para aperitivo, ficamos informados que “se houver uma crise ninguém acredita que a democracia a resolva”, as pessoas virar-se-ão certamente para esta figura inspiradora da monarquia, D. Duarte de Bragança.
Já teve várias ofertas de emprego mas não aceitou nenhuma, porque “na minha condição, não poderia ser empregado de ninguém”. Também acho, seria certamente mal-empregado. As ofertas foram para administrador de bancos o que não lhe traria problemas de tempo porque “os administradores de bancos não fazem nada”, embora já tenha pensado em abrir um hotel na Guiné ou em Timor, o homem é um empreendedor. Aliás, está envolvido em projectos muito interessantes como o desenvolvimento ambiental agrícola na Guiné-Bissau ou o ensino da Língua Portuguesa na Guiné Equatorial, no Senegal e nas Ilhas Maurícias, como sabem, eixos fundamentais da lusofonia e da política externa portuguesa.
Por falar em política externa, fiquei esmagado com a habilidade política de D. Duarte e o desperdício dessa habilidade. Diz o Senhor, que nos países árabes se afirma descendente de Maomé através das relações de parentesco da Rainha Sta. Isabel com um príncipe árabe descendente de Maomé e que, em Israel, se afirma descendente do Rei David através do parentesco com D. Afonso Henriques, conseguindo assim ser muito bem tratado em ambos os universos. Sem palavras.
Tendo nascido nesta família contraiu uma “obrigação moral” para com o povo, missão a que dedica a sua vida. Num registo mais pessoal, soubemos que o Imperador do Japão o recebeu na biblioteca, uma honra, ao que parece. Que ternura, uma cena de chá entre D. Duarte e o Imperador do Japão no meio dos imperiais livros.
Para fechar, a mais estrondosa das revelações. Se D. Duarte não tem saído da Força Aérea quando estava em Angola, a lista de candidatos ao Parlamento português que estava a organizar, teria ganho, Marcelo Caetano teria assumido a condução do processo, não se teria dado o 25 de Abril e a história, com vêem, teria sido outra. Este homem é um génio mal aproveitado e o futuro está na monarquia. Vou ter que entrar em contacto com a Casa Real, é que eu, como sabem, ainda sou Morgado.

Sem comentários: