domingo, 30 de novembro de 2008

O CAJÓ FOI AO FORUM

Com o tempo que está, frio e chuva, o Cajó achou por bem, para passar um bocado de tempo, ir até ao Forum. Quando acabaram o franguinho que o Cajó foi buscar à churrasqueira Kátespero, mesmo ao lado de casa, disse para a mulher, “Odete, produz-te, arruma os putos que vamos dar uma volta até ao Forum, mas aviso já que não há compras p’ra ninguém”. Um bocado de gel no cabelo, os ténis de sola fininha, a calcinha boca-de-sino, os óculos escuros na testa e tá pronto. Enfiaram-se no Punto e lá foram. Não começou muito bem, pois ainda longe do Forum, já havia bicha para entrar para o parque. O Cajó que é um rapaz que não pode com bichas põe-se logo a protestar, “ainda dizem que há crise, que a gasolina tá cara, tá cara mas é para mim, já viste Odete a quantidade de pessoal que tá para aqui”. Lá chegaram. A volta começa sempre pelo café. Como de costume, o Cajó acompanha-o com meio uísque Cutty Sark, a Odete toma um carioca e instala-se a primeira discussão. O Tolicas, o mais velho, meteu na cabeça que queria uma cola e a Micas uma Sprite. O Cajó manda-se ao ar, “vocês pensam que eu sou rico? Inda agora ao almoço viraram uma garrafa grande de cola e já querem mais outra vez, não há cola nem sumo p’ra ninguém, eu avisei”, os putos amuaram e o caldo ficou entornado porque a Odete pôs-se do lado deles a chatear o Cajó. Andaram mais umas voltas, o Cajó foi à FNAC ver os GPS novos e diz à Odete que vai pedir à sogra para lhe oferecer um. Nova discussão, a Odete acha que faz mais falta um micro-ondas novo, que o GPS não serve para nada porque o Cajó conhece bem os caminhos por onde anda com o Punto, o Cajó, já passado, defende-se e diz que até parece mal ser o único gajo lá na oficina que não tem uma porra de um GPS. Vamos a ver como acaba.
Às tantas, entraram na loja dos perfumes e entretiveram-se a experimentar tudo o que lá havia e era muito. De repente, a Odete arranja uma bronca com uma empregada porque ela não largava o Cajó para mostrar perfumes novos. O Cajó viu-se um bocado aflito com a cena, mas lá conseguiu arrastar a Odete para fora da loja, não sem antes ter conseguido dizer à empregada, boa comó milho, que passaria lá ao almoço durante a semana. Foram buscar o Tolicas e a Micas que tinham ficado na FNAC a ver jogos e foram lanchar. É a parte que o Cajó gosta mais, a seguir à empregada da loja de perfumes, afiambra-se com uma bifana e mama duas médias, a Odete orienta-se com um cachorro e os putos tomam banho num balde de pipocas acompanhado de cola. O Cajó avisa, “com o que custou este lanche, o jantar está feito”. Deram mais umas voltas, mas a confusão era tanta que o Cajó deu ordem de retirada.
Foram à procura do Punto e ao chegar a casa, o Cajó ainda dizia para a Odete, “crise, qual crise, viste o monte de pessoal que andava ali? Há crise mas é p´ra mim, queria meter umas jantes novas no carro e não tenho guito”.

2 comentários:

Ana Cecilia Rodrigues disse...

Está fantástico.
Conheço alguns Cajós, mais propriamente filhos de Cajós com quem trabalho diáriamente e reproduzem na escola os comportamentos dos progenitores.
Às vezes é preciso respirar fundo e contar até 10... ou 100.

Zé Morgado disse...

Caras comentadoras,
Creio, sem que vos queira magoar, que todos teremos um bocadinho de Cajó