quinta-feira, 23 de outubro de 2008

UM HOMEM CHAMADO ATRASADO

Era uma vez um homem chamado Atrasado. Toda a sua vida foi a de um Atrasado. Começou por nascer uns dias depois da data prevista. Andou e falou um bocadinho mais tarde que a generalidade dos miúdos. Durante a escola era sempre o último a chegar mas, para compensar, era também o último a acabar os trabalhos.
O Atrasado chegava tarde aos encontros com os amigos e à generalidade das actividades em que se envolvia. Toda a gente conhecia a música e as novidades antes dele, do Atrasado.
Do seu grupo de amigos foi o último a casar. A mulher do Atrasado até dizia que tinha casado com ele porque assim esperava em casa e não num local qualquer onde ele, invariavelmente, chegava atrasado. Quando começou a trabalhar o Atrasado teve sorte, arranjou um emprego com horário flexível.
Enfim, quem conhecia o Atrasado habituava-se a esta maneira de funcionar.
Um dia, já velho, andava o Atrasado a deambular pelos seus pensamentos, quando deparou com um grupo de pessoas que olhavam, com alguma ansiedade, para um buraco aberto no chão, no meio de uma zona verde. Aproximou-se e alguém que o reconheceu exclamou, “Finalmente, podemos então fazer o funeral”.

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