quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O INCOMPREENDIDO

Era uma vez um homem, chama-se Incompreendido. Tratava-se de um indivíduo que se achava mais conhecedor sobre qualquer matéria que a generalidade das pessoas, mas muitas não compreendiam a imensidade do seu saber. As suas decisões sobre o que quer que fosse, eram, obviamente, as mais acertadas. Estranhamente, havia pessoas que não compreendiam a excelência do seu julgamento. As suas opiniões eram, naturalmente, as opiniões que se deveriam ter em conta. No entanto, algumas pessoas não compreendiam tamanha competência. Estas circunstâncias levavam a que o Incompreendido, ao verificar a inexplicável falta de compreensão revelada por muita gente, se sentisse, claro, mais Incompreendido.
A partir de certa altura, devagarinho, as vozes dos que não compreendiam foram-se calando, por cansaço, habituação ou desistência. Finalmente, chegou o dia em que o Incompreendido não teve quem não o compreendesse na sua inatingível condição. Quando olhou à sua volta, percebeu e descansou. As pessoas estavam exactamente iguais a si, pareciam fotocópias perfeitas.
Nessa noite, pela primeira vez desde há muito, adormeceu com um pensamento tranquilo e num mundo perfeito, “agora compreendem-me”.

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