quarta-feira, 29 de outubro de 2008

CORRECTO E CORAJOSO

Finalmente. Em primeiro lugar quero saudar o Parecer agora divulgado pelo Conselho Nacional de Educação em que recomenda a não reprovação dos alunos até aos doze anos. Em minha opinião é um parecer correcto, porque fundamentado na experiência e na ciência, e corajoso porque aparece contra a corrente dominante na opinião publicada de que mais exames e, sobretudo mais chumbos, produzem mais sucesso.
Deve referir-se que estudos internacionais mostram que Portugal tem ao mesmo tempo, surpreendentemente para alguns, níveis altíssimos de insucesso e níveis altíssimos de “chumbos”. No mesmo sentido, parece importante sublinhar que os países com mais altas taxas de sucesso escolar, nórdicos por exemplo, mas não só, não prevêem na organização dos seus sistemas a figura chumbo, sobretudo para alunos mais novos. Não se prova, portanto, a ideia de que reprovar mais produz mais sucesso.
Os estudos internacionais também mostram que os alunos que começam a chumbar, tendem a continuar a chumbar, ou seja, a simples repetição do ano, não é para muitos alunos, suficiente para os devolver ao sucesso. Os franceses utilizam a fórmula “qui redouble, redoublera” quando referem esta questão.
O grande problema é que fazer então quando os alunos não atingem os saberes exigidos? SÓ CHUMBÁ-LOS NÃO FUNCIONA. Trata-se de perceber as eventuais razões do insucesso, EM CADA ALUNO, e desencadear as práticas e apoios adequados, porque mantê-lo, SEM MAIS NADA no mesmo ano, muito provavelmente, conduzirá a um novo chumbo.
É “só” isto que está em causa. O resto é demagogia e ignorância.

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