segunda-feira, 8 de setembro de 2008

UM HOMEM CHAMADO EU

Era uma vez um homem chamado Eu. Nada na sua vida era mais importante que ele próprio. Qualquer pessoa que tentasse conversar com ele, sobre qualquer assunto, acabava, invariavelmente, a ouvir o Eu a falar de si e de como tudo o que lhe dizia respeito era interessante e superlativo. Todos à sua volta desempenhavam papéis secundários. Era o melhor e mais imprescindível membro da sua família, sendo que todos os outros eram apenas alguém que tinha o privilégio de com ele partilhar os dias. O Eu considerava-se, naturalmente, mais competente que qualquer dos seus colegas a quem, aliás, não atribuía particular importância devido à sua, assim entendia, mediocridade. Qualquer coisa que alguém realizasse ou conseguisse, era, certamente, fruto do acaso, e ele, o Eu, obviamente faria melhor, se tal fosse necessário, é claro.
Um dia, subitamente, o Eu morreu. Causa da morte, solidão inultrapassável.

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