sexta-feira, 19 de setembro de 2008

IMPOTENTES OU INCOMPETENTES

Não acompanho suficientemente de perto a situação noutros países para ter uma perspectiva comparativa, mas existe uma espécie de síndrome em Portugal que afecta a classe política com experiência de poder. Este síndrome, a que poderemos chamar “sei muito bem o que deveria ser feito, mas quando fui ministro esqueci-me” é patente em muitíssimos ex-governantes oriundos dos partidos que já assumiram responsabilidades de governo. O último exemplo é de Correia de Campos, ministro da saúde em dois períodos distintos. Em entrevista ao Público e no livro que lançará em breve, de que já se conhecem excertos, o Sr. Ex-ministro apresenta uma visão clara sobre os males e constrangimentos do sector, bem como, com a clarividência de quem tudo sabe, as necessárias soluções. A pergunta, certamente estúpida e demasiado óbvia, que me ocorre face a este tipo de discursos é “então porque não fez, quando teve poder para tal?” Podemos, com alguma habilidade, tentar encontrar respostas. Acabaremos, creio, por definir, inevitavelmente, duas hipóteses básicas, não puderam ou não souberam, qual delas a mais animadora.
Na primeira, não puderam, dá para questionar qual o poder, de facto, detido pelo ministro relativamente às políticas do sector que tutela, ou seja, qual o verdadeiro nível de responsabilidade de quem detém o poder. Na segunda, não souberam, dá para entender que a competência não abundará o que não me parece menos inquietante.
Em todo o caso, algum pudor e humildade não fariam mal.

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