sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A CONSCIÊNCIA TAMBÉM TEM DONO, O PARTIDO

No grupo parlamentar do PS está instalada uma acesa discussão sobre a determinação da disciplina de voto relativamente à próxima votação sobre a aceitação legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo. É uma situação que não é nova nem exclusiva ao PS, atravessa a generalidade das formações partidárias. Do meu ponto de vista é um exemplo sério da doença da democracia. Posso entender que em aspectos de definição política, por exemplo a aprovação do Orçamento Geral do Estado, se coloque em discussão a liberdade individual do deputado em matéria de voto. Dificilmente serei convencido da bondade de sindicalizar os votos, mas posso perceber a natureza da argumentação. No entanto, quando estão em discussão matérias que, embora com impacto político importante e óbvio, envolvem fundamentalmente valores e convicções, acho profundamente inadmissível o princípio de que o partido é dono da consciência e do sistema de valores do deputado. É assim que se alimenta a partidocracia vigente e se aliena e afasta o cidadão da vida política. Pode parece estranho mas ainda há gente que não gosta de só levantar o braço, agora carregar no botão, quando e para o que lhe mandam.

PS – O crime compensa. Na linha do terá acontecido com o empresário Miguel Cintra condenado por “inside trading” a uma multa no valor de metade do que tinha ganho no negócio ilícito, parece que a cartelização descoberta na área do catering e que terá lesado o estado em 172 milhões de euros, pode acabar numa multa de 30 milhões. Está certo, é um pequeno incentivo a estes empreendedores.

Sem comentários: