segunda-feira, 18 de agosto de 2008

UM HOMEM CHAMADO AMARGO

Era uma vez um homem chamado Amargo. Parecia estar sempre zangado, tudo e todos pareciam aborrecê-lo. Não gostava de gente pequena porque só faz barulho e disparates, nem de gente grande porque nada de interessante tem para mostrar. Com os colegas de trabalho falava apenas o necessário, não os achava merecedores de maior atenção. É claro que vivia sozinho, ninguém que pudesse cativá-lo se tinha cruzado com ele. Pensava que toda a gente que para ele olhava imediatamente decidia arreliá-lo. O mundo, acreditava, não o entendia e estava contra ele.
Não vivia feliz, não compreendia porque tudo lhe parecia tão desagradável, sobretudo as pessoas.
Um dia, em casa, estava a olhar para o espelho como muitas vezes fazia e, de forma surpreendente, a sua imagem começou lentamente a transformar-se num enorme limão. Engoliu em seco e percebeu então como ele próprio tinha um sabor tão azedo. Nunca tinha dado por isso, mas era impossível de aguentar.

1 comentário:

Elfrida Matela disse...

Há tanta gente amarga por aí! Basta olhar para eles (e elas) e perceber de que modo aumentou a produção nacional de limões. Quem será o responsável? O governo? A família? Os vizinhos? O patrão? A vida? Para mim, o único problema é que estes limões, tais como quaisquer outros produtos que surgem assim "contra natura", não têm, nem de longe, as características dos originais. Falta-lhes aquele sumo generoso que torna a limonada a minha bebida preferida destes dias quentes de Verão...