segunda-feira, 7 de julho de 2008

VIOLÊNCIA ENTRE NAMORADOS, SERÁ SURPRESA?

O trabalho desenvolvido pela Universidade do Minho sobre violência nas relações de namoro entre os mais jovens, 15 – 25 anos, hoje conhecido publicamente através do DN, vem, lamentavelmente, ao encontro de algo que temos dificuldade em aceitar. Os sistemas de valores pessoais alteram-se a um ritmo bem mais lento que os nossos desejos e estão, também e obviamente, ligados ao quadro de valores sociais presentes em cada época. De facto, e reportando-nos apenas aos dados mais gerais, um em cada quatro jovens inquiridos, refere ter-se envolvido em alguma forma de violência nas suas relações de namoro. Não me parece surpreendente, mas sim preocupante. Para além do elevado número, merece registo a idade dos intervenientes e, sobretudo, um discurso de tolerância, aceitação e o entendimento de alguma “normalidade” nestes comportamentos revelado pelos sujeitos entrevistados no estudo.
Como todos os comportamentos fortemente ligados à camada mais funda do nosso sistema de valores, crença e convicções, os nossos padrões sobre o que devem ser as relações interpessoais, mesmo as de natureza mais íntima, são de mudança demorada. Esta circunstância, torna ainda mais necessária a existência de dispositivos ao nível da formação e educação de crianças e jovens; de uma abordagem séria persistente nos meios de comunicação social; de um enquadramento jurídico dos comportamentos e limites numa perspectiva preventiva e punitiva e, finalmente, de dispositivos eficazes de protecção e apoio a vítimas. Entretanto e enquanto não, "só faço isto, porque gosto de ti, acreditas não acreditas?".

1 comentário:

Elfrida Matela disse...

Longe vai a época em que o namoro era o tempo da sedução, do "apprivoisier", o tempo de cativar porque (como diria a raposa do Principezinho) só assim "nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...".
Hoje em dia não se namora como antigamente. Aliás, nem se namora, curte-se, seja lá o que isso for.
Ele ou ela não precisam de cativar, nem ser cativados. "Eu sou assim. Se queres, queres. Se não queres...". Parece que tudo é como o fast food, pronto a comer.
Por outro lado, parece que a palavra respeito está cada vez mais afastada dos nossos dicionários. Respeito pelo outro e respeito por mim próprio(a).
"Algo está podre no reino da Dinamarca"...