domingo, 1 de junho de 2008

SÓ PARA NOS ARRELIAR

Não está certo. O Dia da Criança é para mostrar os desenhos que as felizes criancinhas fazem a propósito. O Dia da Criança é para dar tempo de antena à habitual retórica sobre os problemas das criancinhas que passam mal lá para aqueles países de longe, da África e da América do Sul. O Dia Mundial da Criança é para mostrar alguns pais babados a passear os rebentos num dos pouco jardins que temos e que, de forma ternurenta, nos mostram a sua competência parental.
O Público, em vez de reforçar esta liturgia vem referir um estudo, a divulgar sob a forma de livro na próxima semana, realizado por elementos do Instituto Superior de Economia e Gestão e do Instituto de Apoio à Criança de que retiro alguns indicadores. Quase metade das crianças inquiridas (total de 5161 de 7 concelhos da Grande Lisboa) sente que a família tem dificuldades financeiras. Apenas 12 % consome uma refeição completa ao jantar e só 40 % vai ao médico por rotina.
Este tipo de informação estraga, naturalmente, a paz e a alegria que se devem sentir no Dia Mundial da Criança, num estado europeu em que o governo começa a parecer vagamente preocupado e ligeiramente ciente das dificuldades que alguns, certamente muito poucos, atravessam. Há crianças muito criativas e já da oposição quando inquiridas.

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