domingo, 18 de maio de 2008

TERÁ QUE SER SEMPRE ASSIM, O PORTUGAL DOS PEQUENINOS?

Depois de um dia no meu Alentejo a fabricar terra com o tractor para tentar acabar com a erva no pomar das laranjeiras, chega a leitura e, como sempre, a inesgotável capacidade de me espantar com o Portugal dos Pequeninos.
Como é que se explica que país permita que um oftalmologista no Algarve realize, em média, 361 cirurgias por ano e um seu colega da região de Lisboa e Vale do Tejo realize 90?
Como é que um país permite que, depois dos números conhecidos sobre a pobreza em Portugal recentemente referidos, por exemplo pelos Bancos Alimentares e pela AMI, a infatigável ASAE, certamente no cumprimento dos objectivos de produtividade que faz de conta que não existem mas existem, obrigue a que Instituições Privadas de Solidariedade Social deitem fora bens alimentares em comprovadas condições de consumo. Quem é este delinquente ético chamado António Nunes e porquê a sua intocabilidade, incompreensível face a sucessivas argoladas?
Como é possível que um emblema deste Governo, o Programa Novas Oportunidades, tenha ao seu serviço pessoas com 10 anos de recibos verdes, gente com meses de salário em atraso e a usar materiais próprios para o trabalho de formação?
O Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) identifica como recurso estratégico e, portanto, susceptível de financiamento público a produção de kiwi, diospiro, ginja, baga de sabugueiro, figo e morango e define como NÃO estratégico a produção de arroz, cevada, milho, girassol, outros cereais e leite, sim leram bem, arroz, leite e cereais. Como é possível nos tempos de crise alimentar que atravessamos?
Como é possível que ninguém, entre o pessoal político que nos governa, tenha uma palavra sobre os sucessivos aumentos do preço dos combustíveis e, já agora, sobre o aumentozinho extra das receitas fiscais à boleia do aumento do preço do crude?
O que me incomoda mais ao escrever isto é o enorme desalento e falta de confiança que sinto.

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