quinta-feira, 24 de abril de 2008

CÃO TRISTE, DE MEDO

Não sei exactamente porquê mas tenho um enorme medo a cães. Nunca me sinto confortável ao pé de um, grande ou pequeno, com aspecto mansinho ou mais bravo. Ontem à noite, no cumprimento da responsável tarefa de levar o lixo ao contentor, cruzei-me com um cão, um cão grande. Ao vê-lo ainda a uns metros, pensei logo em recuar mas, inspirado certamente pela coragem que está no património genético dos portugueses, segui o meu caminho. O cão grande, já perto, olhou para mim com um ar tão triste que até me doeu, passou apressado para o outro lado da estrada e correu assustado. De tão triste, não percebeu que me fez mais medo do que alguma vez eu lhe faria a ele.
Tenho a sensação de que a nossa vida contém cada vez mais episódios deste tipo. Gente triste, assustada, que foge de outra gente tão assustada quanto a primeira. Falta perceber se estamos tristes porque temos medo ou se, pelo contrário, temos medo porque estamos tristes. Por vezes ainda fica mais estranho, para combater o medo, maltratamos. Os miúdos, por exemplo.

2 comentários:

Elfrida Matela disse...

Eu gosto de cães, como gosto de pessoas. Aliás, gosto mais dos cães do que de muitas pessoas. Os cães sabem ser amigos, solidários, companheiros. Sabem mostrar-se felizes ou tristes ou zangados ou mm desconfiados. Não escondem os seus sentimentos. Ao contrário das pessoas. Estas, na maior parte das vezes, limitam-se a desempenhar um papel, o papel que pensam que as outras pessoas esperam delas.
E há os cães maltratados, cães escorraçados, cães esfomeados. Tal como muitas pessoas também. E gente que passa ao lado e não vê. Nem os cães, nem as pessoas.

Anónimo disse...

A maldade canina é instintiva, irracional...

Conscientemente maus, são todos os homens, a diferença só está na maneira de o serem.

Saudações