sexta-feira, 14 de março de 2008

A MENINA QUE NUNCA TEVE UM BOM

Era uma vez uma menina chamada Maria. Tinha 11 anos e não era muito bonita. Há meninos que não são. A Maria também não era muito boa aluna, os colegas tinham sempre melhores notas que ela. E até se esforçava. Às vezes tinha dúvidas, os professores ajudavam, mas como era pouco tempo ainda ficava sem saber algumas coisas. Queria e tentava fazer os trabalhos de casa, mas o pai e a mãe não sabiam ajudar porque tinham andado na escola pouco tempo e o irmão era mais novo. A Maria era uma miúda triste. Um dia a directora de turma perguntou-lhe porque assim estava quase sempre. Escondida atrás de uns olhos grandes, esses sim, muito bonitos mas tristes disse baixinho: “Eu nunca tive um bom, nem sequer um bom pequeno. Gostava tanto de ter um”. Umas aulas depois a professora avisou, como sempre, que ia haver teste. A Maria, como sempre, ficou assustada. Depois de o fazer, achou que tinha corrido bem. Quando a professora devolveu os trabalhos a Maria viu escrito em letras gordas, bom, GRANDE. Os olhos que já eram grandes, ficaram maiores, até ela se sentia mais crescida. Os pais contaram aos vizinhos.A Maria, podia não ter sempre notas tão altas como outros colegas, mas já tinha tido um bom. Um bom grande, aquele bom grande. A professora também ficou grande. Amiga

5 comentários:

Patita disse...

Eu também quero atribuir um bom Grande ao Professor José Morgado por mais uma maravilhosa comunicação que me proporcionou e a mais uma centena de colegas no auditório de Albufeira. É sempre agradável ouvi-lo. Parabéns pelo dom da comunicação e obrigada pelo conteudo da mesma. O texto da Menina que nunca teve um bom está muito interessante. Parabéns!!

Anónimo disse...

Não sou dado a grandes e visíveis manifestações de fraquezas? emocionais;nas décadas da minha formação como pessoa isso era tomado depreciativamente como frouxidão.
Mas a sua história conseguiu fazer baixar e embaraçar as minhas guardas.
Ofereço a sí e a quem visita este blog um poema de Fernando Pessoa:

Quando as crianças brincam
Eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar

E toda aquela infância
Que não tive me vem
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.

Saudações

Zé Morgado disse...

Gracias Patita, generosidade sua

Anónimo disse...

A "sobredotada" do colóquio de Tavira da Cruz Vermelha(não sei se ainda se lembra de mim)perdeu a sua comunicação em Albufeira porque como professora já nem direito tenho a faltar.Estive lá na 6ªfeira a moderar o 3º painel e gostei muito de ouvir os comentários que as pessoas teceram sobre si.Os meu parabéns pela forma como está na vida e na profissão.
Clara Correia

Zé Morgado disse...

Lembro-me bem de si, Clara. Agradeço a referência. Qualquer dia numa qualquer esquina, cruzamo-nos.
Um abraço