quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

TRADIÇÃO E MUDANÇA

Ao fim de um dia que começou cedinho e acabou há pouco, duas boas notícias e uma preocupação.
As boas notícias. Pela primeira vez, que saiba, vão a tribunal sete indivíduos por comportamentos assumidos durante as chamadas “praxes académicas”, normalmente um conjunto alarve de humilhações e comportamentos de mau gosto de consequências graves por vezes. A treta da tradição não pega por manifesto reaccionarismo e abuso. Aliás, o queijo caseiro também é tradicional e a ASAE quer acabar com ele. A integração dos caloiros é outra justificação que não colhe, pois ninguém consegue perceber como é que maltratar alguém pode constituir uma ajuda à sua integração num contexto novo. Curiosamente alguns caloiros divertem-se, dizem, numa provável antecipação do que farão no ano a seguir a quem vem atrás.
Segunda boa notícia. O Ministério da Educação reafirmou a intenção de alterar a organização da estrutura curricular do 2º ciclo diminuindo o número de disciplinas e procedendo a uma reordenação do trabalho docente. Excelente ideia. Vamos a ver como vai funcionar pois o ME, com demasiada frequência, mexe nas coisas certas, mas não faz certas as coisas.
A preocupação. O alargamento do conceito de Escola a Tempo Inteiro ao 2º ciclo com o apoio do movimento associativo dos pais. Já tenho repetidamente afirmado que mais do que ESCOLA A TEMPO INTEIRO, importa EDUCAÇÃO A TEMPO INTEIRO o que não é o mesmo conceito. Os alunos portugueses estão já muito tempo na escola. O ficar mais tempo vai ao encontro de uma necessidade social das famílias (onde colocar as crianças em tempo não escolar) e daí o aplauso de muitos pais mas duvido da qualidade educativa de muito desse “tempo inteiro” e temo os seus efeitos nos alunos. Admitindo que os alunos fiquem mais tempo na escola, NÃO PODE SER PARA TEREM MAIS ESCOLA, tem que ser para terem mais educação mas, sobretudo, é necessário MELHOR ESCOLA. Vamos a ver o que dá. Voltaremos a isto.

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