quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

SALÁRIOS ATRASADOS, SALÁRIOS ADIANTADOS

Lamentavelmente todos conhecemos o elevado índice de desemprego que nos afecta. No entanto, nem todos conheceremos o efeito devastador que numa família pode ter o desemprego de um, ou mais dos seus membros. Perceber que se tem cada dia para sobreviver e não para viver, que alguém que depende de nós não vai ter o que precisa porque não podemos, é trágico e exige um esforço e capacidade de luta que nem toda a gente é capaz de desenvolver. Esta situação deveria, em qualquer circunstância, constituir a maior preocupação de quem é responsável pela coisa pública. Nem sempre parece que assim seja.
Esta introdução serve para registar a minha perplexidade com a forma discreta como foi tratada a informação prestada pela Autoridade para as Condições de Trabalho referindo que em 2007 foi apurada a existência de 8 milhões de euros de salários em atraso para além de outras prestações devidas a quem trabalha. Este número é ainda provisório esperando aquela entidade que o resultado final seja bem mais elevado. O país parece tão conformado e triste que esta notícia não despertou, ou eu estava distraído, uma fortíssima indignação e o desencadear de medidas que contribuam para prevenir ou corrigir a facilidade com que se deixa de pagar a quem trabalha.
Não me venham com a conversa da demagogia, mas a indemnização dada pelo BCP ao Dr. Teixeira Pinto, o génio que o serviu durante 2 anos, sim 2 anos, sendo de 10 milhões de euros e mais meio milhão por ano de forma vitalícia, é mais do que o valor já apurado de salários em atraso no ano de 2007. Choldra de país que se rói de inveja por uma situação e não cora de vergonha pela outra.

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