domingo, 6 de janeiro de 2008

O TURISMO É O FUTURO

Duas referências, aparentemente desligadas, deram-me a perceber um futuro possível e viável para o País. Por um lado, o indicador de confiança dos consumidores continua em baixa assente no pessimismo sobre a evolução económica e na situação financeira dos agregados familiares. Por outro lado, soubemos que o ano turístico de 2007 foi o melhor de sempre, com um número superior a 12 milhões de visitantes. Em síntese, parece que somos um local de interesse para visitar mas para viver nem por isso. Neste quadro creio que se justifica uma aposta radical no turismo.
Sob o grande lema SPA – Portugal (Simpatia, Profissionalismo, Atenção) ninguém nos bateria como destino turístico e não só no ALL Garve. Vejam. Com a introdução do inglês no 1º ciclo extraordinariamente bem-sucedida, a comunicação com estrangeiros já não é um obstáculo. Com o sucesso das Novas Oportunidades, os portugueses profissionalizaram-se e o tempo do pano às costas e um palito na boca nos serviços de restauração acabou. Tudo quanto é paisagem interessante passa a PIN (Projecto de Interesse Nacional) e, consequentemente, transforma-se em resort e campo de golfe. Ao mesmo tempo cada turista passa também a ser um PIN (Projecto de Interesse Nacional) daí o ser tratado com Atenção. Temos pobres e zonas degradadas que poderão dar um ar de exotismo permitindo excelentes fotografias em safaris especializados. Temos a Dulce Pontes e o fado. Por fim, somos respeitadores e bem comportados com os estrangeiros e ainda temos uma polícia de costumes a ASAE de uma eficácia inultrapassável que zelará pela qualidade de vida de turistas e empregados, nós.

PS – Temos uns políticos assim para o fraquinho mas podemos prometer que não os deixamos incomodar os turistas, nós já estamos habituados. Pede-se à ASAE.

1 comentário:

Anónimo disse...

A imagem que traçou sobre o empregado de restauração de pano ao ombro e palito na boca, conresponde fielmemte á realidade das décadas 60,70 e primeiros anos da de 80. Depois gradualmente foi desaparecendo.
A nossa sociedade foi fértil em figuras típicas:a varina que vendia peixe percorrendo as ruas de Lisboa com os seus pregões, o empregado de sapataria que vinha á rua convencer o passante a comprar sapatos, a empregada da barraca de diversões "ó simpático vai um tirinho? e recuando ainda mais temos o petrolino com burro e carroça, as lavadeiras de caneças que vinham buscar roupa para lavar no rio, o leiteiro ao domicílio e aos decílitros e tantos outros...
Havia uma figura lisboeta que sempre fez despoletar em mim sentimentos de revolta contra a escravidão: Trabalhadores braçais (trabalho do mais duro) espalhados por Lisboa mas em sítios convencionados, que eram reconhecidos pela sua indumentária: fato de macaco de ganga, saca de serpelheira aos ombros e uma corda grossa enrolada e pendurada ao ombro.
Quem precisa-se de um escravo versus burro de carga, podia contratá-lo por 15, 20 minutos ou mais, claro, por pouco mais do que uma tigela de sopa.

A escravidão continua mas mais sofisticada e tecnológica.
Falando agora para mim: já estás a abusar, Ó MEU!...