sexta-feira, 28 de setembro de 2007

OS NÓS E OS LAÇOS

(Foto de Ruben Andrade)
Os magistrados do Tribunal da Relação de Coimbra assumindo que a lei é algo superior à pessoa, cega e dogmática, manifestamente não entendem que vida se organiza em torno de nós, laços e a falta deles. Os bons, os maus, os inexistentes, os desejados, mas, sempre, os nós e os laços.

2 comentários:

Rui disse...
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Rui disse...

É o retrato de uma mentalidade presa de tiques aristocráticos onde os laços de sangue são mais valorizados que os laços de afectos, para os senhores da justiça, menos tangíveis e menos objectivos. É ainda o país em que as famílias se definem pelo nome e pelos graus de parentesco e não por um conceito alargado de rede de afectos, de afinidades, de presença e de interdependência num sentido grato, como modos estruturantes da nossa identidade. Ocorre-me um pensamento: Hegel costumava dizer que a coruja de Atena (a filosofia) levantava voo ao entardecer, isto para rebater a falsa ideia de que a filosofia seria uma candeia que iluminaria o caminho e o saber da humanidade, mas que pelo contrário se tratava de uma actividade reflexiva que chegava tarde depois dos acontecimentos da História terem determinado o dia. Para o caso interessa que a ave da Justiça nem sequer chegou a levantar voo.